Rodamoinho da Vida

Depois de muito, mas muito tempo mesmo sem poder entrar, seja por causa da cruel rotina que tanto uso como desculpa, seja por causa dos problemas de merda do meu amado PC, vim aqui falar de algo tão inconstante e inconsciente: o mundo que nos cerca.
Tem gente que diz que tudo é igual, não existem sensações, tudo é branco: vazio, imaterial, não-afetivo. Essa realidade tem sim um quê de veracidade, mas não explica direito a vida, a essência, os objetivos da vida humana. As imagens nada são além de imitações da essência, sendo imprestáveis de valor. Para essas pessoas, todos são essencialmente iguais. Mas há grandes dúvidas. Como dizer que eu sou qualitativamente igual a um japonês, por exemplo? Nós dois, que tão diferentes somos, nas emoções, opiniões, modos de vida. Como seremos iguais com tudo isso? E o que é bom e ruim? Como se determina essas duas características bastante opostas?
Parecem dúvidas, eu concordo. Muitos falam que é besteira demorar dias divagando sobre a existência, entretanto é isso que pode fazer toda a diferença do mundo. A condição essencial da inteligência humana não é a força, a intelectualidade ou o controle sobre seus instintos tão selvagens. Sabemos que ambos são mentiras, faixadas da vida humana. Nenhum deles foi supremo sobre o homem. Ele sempre chegou a um momento de bestialidade, burrice ou fraqueza. O nosso poder de reflexão deve-se tão-somente à nossa capacidade de filosofar, seja qual pensamento for. Talvez tenha sido essa a causa da maior parte dos nossos males. Ou não. A dúvida é nossa constante seguidora. desafia-nos, faz-nos errar ao máximo, até acertarmos. O que seria da vida humana sem dificuldades? Como deveríamos ter nos sofisticado tecnologicamente, se não existissem o frio, os predadores, os venenos naturais?
Outros dizem, que a vida depende também da experiência sensorial. Tudo é relativo, muda-se rapidamente. Mas o problema principal é dizer que tudo muda radicalmente e num ritmo alucinado. Seria possível um homem se mudar por completo em um mísero segundo de tempo? As mudanças, sim, elas existem, mas com certeza são de alguma forma, predeterminadas, planejadas. Seria irracional por parte do homem fazer algo inesperadamente, pois é disso que ele sempre tenta se livrar: de instintos dignos dos animais. Não que esses sejam inferiores que nós, claro que não, aliás muitos humanos agem como eles.
Numa vida em que se tem tantas coisas a escolher, eu prefiro mostrar a minha visão sobre o mundo que vejo. Sim, tudo é relativo, mas nem tudo se baseia na matéria. Uma mudança em mim pode demorar meses e até anos, mas a vida será designada de forma semelhante por mim durante ainda muito tempo, se eu perceber que tudo o que eu pensei nunca passou de simples ilusões. A vida pode ser ilusão, sim, mas como comparar-me a alguém alienado? Minha vida é tão física que chega a ser efêmera. Não vivemos mais do que 100 anos e uns quebradinhos. Vida é alegria e tristeza, mas não é ficção. Ninguém é total vilão, nem mocinho inocente e incauto. Somos bons sim, mas também infelizmente maus. E entre erros e acertos construímos a grande obra-prima que é a vida, esse segredo individual que tanto estou espalhando aqui.

O Valor da Vida

Após umas duas semanas longe do blog, talvez por falta de tempo, ou por causa da minha instantânea falta de criatividade, volto aqui pra falar de algo desconfortável, mas tão evidente no nosso cotidiano que chega a ser quase normal falar disso. As pessoas quase não dão importância pra esse tipo de fato, talvez por indiferença ou por total pessimismo.
Na última sexta feira, 04/09, decidi sair mais cedo da aula. Na realidade, eu nem deveria ter ido, por somente ter uma aula, que se daria no último tempo. Porém, a esperança em conseguir adiantar essa aula me fez ficar esperando. Às duas horas, quando finalmente a professora decidiu aparecer, ela se negou a adiantar o tempo. Não a culpo, pois não seria ético de sua parte fazê-lo. Quis admitir o meu erro e fui embora. Iria ter uma aula de Educação Física, mas sem material não faria nada mesmo. Minha mãe me esperava e eu iria ao seu encontro.
Mas foi aí que ocorreu o fato. Não esperando uma passarela vazia e, portanto, perigosa, fui à estação. Só que no meio do caminho uma pobre alma veio me perguntar as horas. Eu respondi, como faria com qualquer um. Assim veio o choque. Depois disso, ele "gentilmente" pediu o celular. O que mais poderia fazer, a não ser entregar o que ele me pedia?
O desespero tomou conta de mim, não pela perda do objeto celular. Se eu me sentisse assim, seria materialista. Um celular, hoje em dia, é como se fosse o pão nosso de cada dia. estava preocupado em como me comunicar com minha mãe, agora sem celular. Mas deu tudo certo. Depois da ajuda dos seguranças da estação, a quem agradeço muito, consegui me encontrar com minha mãe, em segurança.
A narrativa, porém, é estéril ante as discussões que se pode fazer sobre essa situação. Quantos de nós não somos assaltados, pelo menos uma vez na vida? E por que isso é causado? Talvez pela nossa indiferença àqueles que vivem à margem da sociedade, o que acaba sendo um horror generalizado a esse tipo de pessoas. Sabemos que a atenção dos nossos políticos, a qual já é insuficiente pra nós mesmos, é nula para esses segregados.
Mas isso não é o mais importante. A lição que mais valeu a pena foi a diferença clássica entre a importância do material e do essencial. Como já foi dito, o material é tão temporário que, a nós, humanos, só cabe o usufruto. O material apodrece, é facilmente perdido, logo, é de baixo valor afetivo. O essencial, como a vida, é inegociável. Não há como ser simplesmente levá-la. Tudo bem, pode-se cessá-la com um simples tiro, ou com um veneno. Entretanto, de tão importante que é, a essência não tem posse.

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