Raro momento

Tô apaixonado
Eu tô amando
Um lindo sorriso
A lágrima de uma saudade

Eu te amo em silêncio
Eu amo a nossa amizade
Gosto (e sinto falta) de seus puxões de cabelo

Estou apaixonado
Pelo seu jeito romântico-sentimental
A sua coragem emotiva
Me fascina

Mais que mulher, um anjo
Um tesouro que passou pela minha vida
Um perfume que adocicou meus dias

Minha flor,
Se você soubesse como eu lhe quero!
Seria bobo, seria idiota
Mas nunca deixaria de gostar de você

Tô apaixonado por um avião
Por um livro da Clarice
Pelos seus olhos verdes
E não consigo mais esconder

A vida é dura, a gente sabe
A distância é grande
Mas se pudesse, te ligava agora
E gente fugia pra Lua

Eu, infelizmente, tô apaixonado
Por uma linda mulher
Que é mais que luz, é clarão
Que é mais que estrela, é cometa.

Até daqui a pouco

O Sol se põe
E com ele mais um dia
Dia nublado, dia chuvoso

Um momento esquecível, mas adorável
Eu te vi, e nós nos falamos
Umas poucas horas

Você reclama do meu jeito
Mas não sabe que tesouros
Eu guardo do lado esquerdo
E direito do peito

Você é a poesia muda
A música surda
O olhar penetrante

Com o Sol você foi
Mas você continua presente
E a dor não vai mais me atingir
Porque te vi sorrindo

Sorriso Torto

Tenho tantos amigos
E alguns que não são tanto assim
Tantos choques, tantos desencontros
Andamos sozinhos, mas juntos
Mais juntos, menos sozinhos

Já vivi pouco
E quero mais!
Já (me) feri pouco
E quero menos
Se perfeição é defeito,
Nossa imperfeição é virtude

O que importa é ter meus pés
Para andar pra frente
Para pular com as vitórias
Pois eles são nosso segundo maior tesouro

Só ou mal-acompanhado
Ou até mesmo bem-acompanhado
O que eu quero é sorrir a vida
Porque o amanhã é futuro
E futuro é futuro!

Indifere Insensible

Elas nos usam
Não tem jeito, não há solução
Elas sempre nos escravizam

Ela dizia que tinha medo
Eu dizia: "confie em mim"
Mas era fugidia

A outra queria me agarrar à força
Como ficar com uma...gorda?!
Como ficar com alguém
Que usa usa shortinho jeans
Numa festa de gala?

Desperdício se ferir por algo fútil
Não vá, não faça isso com você mesmo
Não adianta, elas não amam mesmo

Eu digo que sim, ela que não
Ela diz que sim...não, não existe!

E mais uma vez ela escorre das minhas mãos
Sem que me tenha nela
Mas do que isso importa?

Monotonia daquela saudade

E, de repente
Vem aquela paz
Quando passo pelo Mergulhão
Mais uma garantia de que um dia
Nos veremos uma vez mais


Talvez (certamente)
Será mais de uma


Mas, da próxima vez,
Cada sinal, cada expressão
Cada sorriso seu
Será único e indescritível


Boa seja sempre a nossa amizade
Como me lembro, a cada dia mais,
Do seu sorriso.

Sentidos que não sentem

O som dessa cidade
Grita-me e sussurra-me
Aos ouvidos


Dizem que ficaria cego
Cego é aquele que não vê
E eu vejo a luz


Luz dos berros
Luz da cidade
Que é uma louca que ama ao contrário
E que às avessas
Me faz viver.

Um ponto flutuante

Estamos flutuando
Numa geleia de átomos
As cargas se opõem
E a distância horizontal dos pontos críticos
É mínima.

Deus, grande controlador desse
grande parque de diversões
Já pedi tanto para que Ele desacelerasse essa montanha russa
Mas ele continua
Ser contínuo
Para toda e qualquer variável

Já subimos e descemos
Descemos e subimos
Flutuando em meio
à uma quantidade de neutrinos
na ordem da trigésima potência de dez.

A vida é um laço
Laço laçando o tempo infinito
Subindo, descendo, descendo, subindo
Infexionando, deflexionando

A plasticidade, a plasticidade
De um espaço-tempo fluante
A eterna alegria
De levantar e cair
Cair e levantar
Cair e levantar

O Sal

"Veja, filho, o sal."

"E o que aquela montanha de sal tem demais?"

"O sal pode nos dar e tirar a vida. Pode trazer gosto ou deixar insosso. Pode ser base ou incremento. E não passa de um pó branco. Somos ricos em sal. Ricos, mas pobres. Pobres, por não sabermos da riqueza diante de nossos olhos."

Como fazer contas

Já se foi o tempo daquele menino já magro e agitado
Ele agora é mais magro, e tenta conter seu entusiasmo

Ele trabalha, se submete, labuta
mas não sabe como será o dia de amanhã.

Todos os dias nós nos matamos
Para vivermos de novo
E ele espera um dia, só um dia, pelo menos,
não se matar de noite

Os espelhos mostram o rosto de alguém que trabalha muito
E deveria trabalhar mais
vivemos para trabalhar ou trabalhamos para viver?

Ele descosturou sua dor
Numa série infinita de nós e laços
E depois integrou-os todos
Em alguém feliz, mas que trabalha.

Pode faltar reconhecimento,
quem irá ver o que está por detrás dos seus olhos vermelhos?

Ele tem metas, e mesmo ferido, irá cumpri-las

Sem metas um homem não é nada
Sem contas um mundo é nada

Culpa da vida Culpa da vida

Muitos dizem que o homem é o que tem. Outros tantos afirmam que o mesmo se define a partir do que é. Nesse teatro, do que importam as máscaras e os adereços? Na grande obra da vida, é o que se faz que forma o homem. Essa é uma verdade tão sutil, mas tão tangível, que talvez seja a menos percebida no cotidiano.


Valorizam-se muito os empreendedores. E, pelo menos aqui, não se pode criticá-los. Eles foram corajosos o suficiente para, de uma forma ou outra, por caminhos tortuosos que o tempo nos há imposto, escreverem o livro de suas vidas. E o preço, invariavelmente, é alto demais. Porque são culpados.


A humanidade criou um sistema tão fantástico, tão inteligente de vida em sociedade, que, hoje, quem faz, tem culpa. Os jornais nos transmitem isso toda hora, todo dia. Criam monstros que, num acesso infantil de loucura, tiraram a vida de outrem. Pior, podem destruir a vida de alguém que simplesmente errou.


Erros existem, e devem ser reparados. Alguns podem dizer que há alguns imperdoáveis. Mas os que o dizem não são capazes de se perdoarem. Procura-se a culpa de todos os males, de todas as mazelas, mas se esquecem de que apontar culpados não vai resolver o problema. Infelizmente, a arte do diálogo cada vez mais é suprimida, apagada a todo o custo. Vai sumindo a partir das famílias.


Sobram meios e interlocutores, mas falta, e muito, conteúdo. E sem isso, como será possível uma conversa produtiva? Não compartilhando os erros uns dos outros, eles se sucedem cada vez mais, numa escala crescente de gravidade. As pessoas querem se desvencilhar ou unir-se uma à carne da outra, numa costura macabra. Daí só restam feridas, e que doem e custam a sarar.


Falta compreensão, vive-se infelizmente numa cultura de culpados e neutros. E os neutros, esses sempre estão vencendo. E o limite de um ultrapassa o do outro, numa cadeia que só vai parar quando for quebrado o limite do primeiro. Um ciclo sem fim, de destruição e dor.


É, talvez seja o tempo de se calar, de se amordaçar, de se anular. Queimar a sua essência na Quarta-feira de Cinzas e comprar uma máscara. Até que elas estão ai aos montes, umas largadas ao chão. Porque dói ser culpado de uma coisa que se tentou evitar.

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