Outro dia, tava eu passeando pelas ruas da magnífica metrópole onde vivo. Aquelas eram ruas comerciais, com várias lojas ostentando diversos produtos, de roupas a utilidades domésticas.
Observei os rostos das pessoas que ali estavam, e via a alegria irradiando delas. Estavam, aparentemente, renovando radicalmente as suas vidas. Mas, pensei se isso era ou parecia verdade.
Após muito refletir numa tarde chuvosa, nublada, em que o frio proporcionado por aquelas frias gotas d'água me fazia pensar melhor, cheguei a uma conclusão nada feliz. Talvez você leitor não concorde com uma vírgula que eu vou falar, mas pra mim essa é a pura verdade.
Será que ninguém nunca reparou que essa felicidade, causada por essa "evolução", não dura muito? Pra mim, uma pessoa assim não fica nem cinco minutos alegre. Comprar virou droga. É como se o cidadão, farto da sua vida medíocre, fosse beber, fumar um cigarro (de qualquer merda; todos são ruins mesmo!). Ir ao shopping hoje parece fazer um piquenique. Só que não há mais aquela união, todos se separam por um propósito: comprar e torrar o limite do cartão de crédito.
Temos que vestir hoje a roupa da moda; aquela, que tem uma estampa que faz toda diferença. Tô cansado disso tudo. Vivemos ou não em liberdade? Um dos maiores absurdos que ouço hoje em dia é que a aparência é o que mais importa. Não podemos expressar nossa fé, não podemos ter o nosso próprio estilo, não podemos ter o nosso próprio corte de cabelo. O pior de tudo é não podermos ser tristes.
Aqui vou criar a minha concepção de tristeza. Estar triste é um estado necessário para nossa evolução; representa os obstáculos pelos quais temos de superar. A sociedade, guiada pela "ciência", esta na sua parte mais irracional, acha a tristeza uma doença, como se fosse sarna. Querem se desgrudar dela a qualquer custo.
E aí chegam os Deuses da alegria: os barbitúricos. Essa dádiva da psicanálise e da psiquiatria nos deixam felizes assim que nós tomamos esses remédios. Aqueles ácidos de fórmula mega-hiper-super elaborada entram na sua corrente sanguínea e deixam seu cérebro turbinado. O que quase ninguém sabe é como esse paraíso é falso. Pesquisas, feitas por uma ciência racional, comprovam os danos desses medicamentos. Eles enganam o seu corpo, prejudicam funções vitais e intelectuais. Mas poucos dão bola. O que querem é só enfiar a pílula goela abaixo. O resto fica por conta da droga.
É estranho como há um mecanismo perpétuo para que todos nós sejamos felizes. O consumismo desenfreado é uma dessas coisas. É incrível que ninguém, nem mesmo quem tá lá em cima, quer que você seja triste.
Pior que quando alguém tem o atrevimento que eu tô tendo agora é visto como suicida ou coisa pior. Digo que, por tudo que há de melhor nessa minha existência, não sou desses que não gostam da vida. Somente a força superior que nos rege é capaz de determinar o meu tempo. E quem sou eu para desafiar o Mestre?
Agora, termino com uma mensagem: vamos evoluir, mas de verdade. Quando você quer reformar um prédio, de verdade, você não muda a faixada; renova a estrutura. Curtam o silêncio da alma de vocês nesse frio e até outro dia.
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