Vanitas - Parte 2

Interrompido pelo temporal lindo e repleto de relâmpagos e, além disso, do apertado horário, tive que interromper a última postagem, às pressas. Volto, pois, pra voltar a refletir e postar sobre o que é temporário e o que nos é importante. Falava sobre a vida, quando comecei a falar sobre as minhas idéias e os seus possíveis efeitos ou não-efeitos.
Idéias são sim importantes, mas pra mim, principalmente. Cabe a minha pessoa a imensa responsabilidade de abolir possíveis pensamentos, incorporar outros, modificá-los. Enfim, é o que nos torna humanos: a incrível capacidade do discernir, seja ele bom ou ruim. Mas, numa visão mais ampla, quem sabe considerando-se uma sociedade, tudo é mais complicado. Uma cabeça já é difícil de se entender, pode mudar, explodir-se ou recriar-se em um só instante. Numa sociedade, onde há várias cabeças funcionando juntas, o que pode acontecer é um Apocalipse de mudanças, revoluções e conservadorismos. Na verdade, qualquer que seja o grupo, ele só terá o poder total para si se ele acreditar na força que tem.
Aí surge mais um vanitas: a força. Não adianta definições mais e mais "científicas", simplesmente é impossível chegar e perceber a força, quando a percebemos, seu efeito já passou, de tão passageira que é. Passa rápido, por exemplo, a raiva, o ciclone, o amor, o paladar e o olfato. Todos esses são como batidas do coração: são ímpetos e sua pulsação se faz sentir em todo o organismo.
Suas consequências podem ser, sim, duráveis. Talvez até pra todo o resto dessa vida. O que uma simples palavra não pode fazer. Ela simplesmente constroi ou destroi histórias felizes ou tristes. O que há de mais durável em nossas vidas não são as sensações, mas sim as suas marcas, as suas cicatrizes. E uma vez feitas, será difícil o seu esquecimento. É claro, há o perdão, esse ato de amor e compaixão para com aquele que nos fere. Porém, a desconfiança se segue. Além do mais, ainda não sabemos perdoar direito. Ainda nos damos o poder de julgar os outros, à nossa maneira. É o que nos resta dessa nossa auto-divindade, o orgulho esquecido que nos tornou o que somos hoje. Acreditamos num mundo mau, e ele se fez assim pelas nossas próprias mãos. Provavelmente esse é o maior erro da humanidade e é o que mais nos marcou e que ainda vai nos marcar demasiadamente.

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