"É, realmente, vivemos numa época maravilhosa. O mundo diminuiu tanto, que superou as expectativas de Júlio Verne. Já no final do século XIX, com a Revolução Industrial a pleno vapor, digo, gasolina e eletricidade, o mundo já perdia suas fronteiras. Ele, em Volta ao Mundo em 80 dias, provou o fato da diminuição do planeta, levando-se em conta, lógico, a linguagem figurada.
Agora, que a Internet praticamente domina nossas vidas, criando até mesmo seus próprios viciados, chegamos ao auge do desenvolvimento humano. Movimentamos nossa vida profissional, financeira e até mesmo a pessoal com algumas digitadas no teclado e umas mexidas no mouse. Sim, agora poderíamos ser FELIZES.
Isso provavelmente é dito por um tolo. Admito que o parágrafo acima, nem deveria ter saído desses dedos, sujando-os com as mais putrefatas mentiras dos mais diversos graus. De que adiantou tanta proximidade, tanta interação, se se continua a sujar as mãos de sangue inocente? A informação que poucos revelam e que talvez seria estatisticamente a mais relevante é a dos percentuais do acesso à Internet em relação ao total da população mundial. Hoje, o que mais se faz é mostrar números "imensos", que sugerem um crescimento absoluto no total de dados transmitidos, além de inúmeros casos de pessoas que conseguiram se divulgar devido à Internet, sugerindo um possível progresso desse sistema, como se fosse uma propaganda do mesmo.
Engana-se os que pensam que esse território de bytes é anárquico. Há sim uma estrutura politica dentro da Internet que passa muito despercebida. Paga-se para abrir uma página, digamos, comercializável, e ainda para vê-la anunciada no topo das ferramentas de busca existentes hoje. Verifica-se, além disso, um oligopólio enorme, que consegue ser encoberto pela mídia e até mesmo pelo desinteresse das pessoas. Pouquíssimas empresas dominam grandes percentagens da Grande Rede. Como se vê, tanto pelo aspecto administrativo, quanto pelo estatístico, não estamos integrados, mas sim dominados.
O que motivou a escrita de tantas linhas assim foi somente uma frase, tão simples, mas tão repetida: "A Juventude de hoje tá alienada." Muito se fala isso, ao ver a atitude do jovem no andamento das notícias. Estranho seria, já que a Internet possibilita a transmissão de notícias de diversos jornais. Por exemplo, pode-se acessar d'O Globo, passando pelo New York Times, até o Pradva. No entanto, não mais se acompanha os noticiários, não se sabe mais do que acontece. A minha réplica àquela afirmação é a de que não dá mais ser realista.
Incrível é observar quanta vendagem tem um jornal, em meio físico, e ver a alta quantidade de acessos de um portal de notícias. E ver o conteúdo de suas capas: Violência, homicídio, estímulo ao suicídio, abusos sexuais dos mais diversos tipos. Quando não expõem essa realidade dura e cruel, mostram as novidades de um mundo imaginário, de ídolos e falsos deuses, que fazem a cabeça das pessoas cansadas de assistir a essa overdose de notícias ruins.
O público em geral está deixando, gradativamente, de seguir o curso da vida real, feita por pessoas reais e com cenários e falas reais, para seguir os modismos, os cometas do céu das celebridades. Artista deixou de significar liberdade, para simbolizar simplesmente idolatria.
Assim, de que vale se informar todos os dias, em que se é alijado por tristes notícias ou se é enganado por uma indústria cultural? É por isso que prefiro manter-me nas cavernas, não sendo iludido por um reflexo, mas sim para tentar viver fora dessa fábrica de tragédias.
Vícios Mandibulares
Ferroso ou calcígeno,
Urticante ou saudável,
Áspero ou suave,
Doce ou amargo,
Salgado ou insosso,
Morder sempre.
A sensação de destruir
Aquele corpúsculo qualquer de comida,
Guloseima alucinógena,
Plantinha desconhecida,
Ou simplesmente um mero mordedor:
O que interessa é mordiscar.
Pela passagem do tempo,
Pela expiração que nos mata brandamente,
Pelos protozoários que nos corroem,
Pelos vírus que nos apodrecem,
Pela percepção de que é mentira o manifesto,
Por sabermos que nada somos e nada seremos,
Pela mulher que mal nos olha,
Pela menina que idiotamente se lança a nossos pés.
Somos selvagens,
Nossa sobrevivência depende da mordida.
Somos assassinos,
Precisamos morder tudo o que há na nossa frente.
Sabemos, pois, que o Amor ainda não é para todos,
Mas que podemos mordê-lo e arrancá-los os maiores pedaços.
Esse é o nosso maior prazer:
Mutilar com a boca o que mais amamos,
Tal qual o mais bruto dos jacarés do Nilo.
Urticante ou saudável,
Áspero ou suave,
Doce ou amargo,
Salgado ou insosso,
Morder sempre.
A sensação de destruir
Aquele corpúsculo qualquer de comida,
Guloseima alucinógena,
Plantinha desconhecida,
Ou simplesmente um mero mordedor:
O que interessa é mordiscar.
Pela passagem do tempo,
Pela expiração que nos mata brandamente,
Pelos protozoários que nos corroem,
Pelos vírus que nos apodrecem,
Pela percepção de que é mentira o manifesto,
Por sabermos que nada somos e nada seremos,
Pela mulher que mal nos olha,
Pela menina que idiotamente se lança a nossos pés.
Somos selvagens,
Nossa sobrevivência depende da mordida.
Somos assassinos,
Precisamos morder tudo o que há na nossa frente.
Sabemos, pois, que o Amor ainda não é para todos,
Mas que podemos mordê-lo e arrancá-los os maiores pedaços.
Esse é o nosso maior prazer:
Mutilar com a boca o que mais amamos,
Tal qual o mais bruto dos jacarés do Nilo.
Tecnologia e Música
Engraçado perceber, quando menos se espera, alguns hábitos tão latentes e imperceptíveis em nós mesmos. O prazer dessa descoberta é, sem dúvida um dos maiores que se pode ter, assim como as revelações trazidas à tona. Nessas férias, em que pude, finalmente, espairecer ao menos um pouco, recuperar-me dos quase oniperesentes estafa e estresse, consegui reparar num costume muito comum de todo o mundo, certamente.
Desde as mais primevas eras, fazemos música, seja de que forma for. Em todas as sociedades antigas, houve a presença da música. Os iorubás, ashantis, bantos, zulus e outros povos africanos fizeram largo uso dos beribaus, as guitarras africanas, e dos atabaques, de todos os tamanhos; música pra eles era o mesmo do que se encontrar com a essência do seu passado, clamar pela luz necessária para, pelo menos, iluminar o árduo caminho por eles enfrentados e comunicar-se com suas divindades. Os árabes, persas e os hindus, tão dispersos pelas suas inúmeras tribos, califados e impérios, faziam música para entreter, mostrar a beleza e exuberância de suas sociedades e criar uma identidade própria, uma marca que os diferenciaria. Os japoneses procuravam o prazer e o deleite proporcionados pelo Nirvana, com seus singelos tambores e instrumentos de corda. Os nativos americanos procuravam glorificar a exuberante natureza que os cercava, coisa que até hoje poucos compreendem tão bem quanto eles. Os europeus, por sua vez, punham sua história, seu pensamento, sua busca por Deus ou por algo equivalente em suas canções.
Exemplos, logo, é o que não faltam; ao contrário, sobram aos montes. O mundo, porém, desenvolve-se e com isso, surgem novas formas de se fazer música. Primeiro, a lógica invadiu esse âmbito da arte humana, trazendo consigo a exatidão do ritmo, do tom, das notas musicais, da temporização. Mais um pouco depois, a acústica invadiu esse campo, tornando capaz a fabricação e criação de novos instrumentos musicais, além de possibilitar uma melhor orquestração da mesma. Após isso, a elétrica e a eletrônica entraram em ação, tornando os instrumentos mais potentes e os amplificadores que permitem uma melhor divulgação do som musicado. Com a globalização, finalmente, foi possível transformar a música em bites e transportá-la pela internet, permitindo um melhor conhecimento dessa arte de todos nós.
Voltando às minhas próprias férias, quando possuo um maior tempo, fico fazendo dowloads de músicas, da mais comum à mais inusitadas e exóticas, em especial desses dois últimos tipos. Tenho prazer pelo desconhecido e busco construir a minha própria identidade, baseando-se, não unicamente, nas canções que admiro.
Há algum tempo já, ovui falar num novo tipo de música: o vocaloide. Esse novo estilo ainda é desconhecido da maioria hoje por razões provavelmente sociais. Baseia-se numa total digitaçização da música: nem o cantor é real, tudo é virtual e imaginário, diáfano e utópico. Procurando novas experimentações, buscando as sensações, os sentimentos, os paladares, olfatos, visões e sabores dessa nova forma de conceber música, decidi ouvir alguma música desse tipo.
Encontrá-la, incrivelmente, não foi difícil. Era japonesa, distante de um mundo inteiro, mas com a internet, reduziu-se a alguns segundos relativos ao carregamento do vídeo. A cantora virtual era bonita, diferente: mostrava um avatar, uma imagem provavelmente real da alma de muitas artistas. Era branca, sorriso estampado e longas e belas madeixas...verdes. Era uma cantilena romântica, a letra parecia melosa, mas valia a pena ao menos ouvir e experimentar.
Em miúdos, a música falava das emoções de uma mulher (ou seria uma menina) de ver o amante abandonando-a por outra. Ela, ao perceber essa situação, inconsolável e descrente de sua paixão, considera o amor uma eterna guerra, em que nunca se é feliz. Sua meta é monstrar ao seu amado todo o seu Amor para ele.
Primeiramente, acho que alguns já estão fartos de músicas, textos, roteiros, fimes sobre esse mesmo roteiro. Em segundo lugar, gostaria de ressaltar que a música, diferentemente de todas que ouvi, não tinha o fundamental: sentimento. A voz da vocaloide, além de ser exageradamente estridente, não tinha nenhuma variação. Seu ritmo era constante, entrecortado apenas por alguns fadeouts. Não mostrava a tempestuosidade da melodia, o gracejo da confusão. Era simplesmente uma estrutura programada e memorizada por um software. Posso estar enganado, mas realmente não senti qualquer tipo de êxtase ouvindo essa canção. Provavelmente, tal sensação de puro maquinismo musical se deve à tal tecnologia, a qual evolui nossa inteligência, entretanto nos leva ao quase total entorpecimento sentimental.
A existência de técnicas "pós-modernas", como os vocaloides e outras coisas do tipo, têm tornado a arte humana uma indústria cultural, impossibilitando-nos de sentir o âmago do amor e da dor. às vezes, nem mais religiosas das músicas, sequer temos sentido a essência divina*.
Não afirmo, porém, caro leitor, que o progresso tecnológico não seja proveitoso e preciso para nossa própria evolução filosófico-intelectual. Cabe à humanidade determinar aquilo que realmente lhe servirá para tais objetivos e aproveitar-se ao máximo disso. O resto, simplesmente é resto: se esvai com as feridas do tempo.
OBS: Essência divina foi um termo usado para ecumenizar o significado da divindade, tornando o texto mais religiosa e culturalmente aceito, evitando possíveis polêmicas. Aliás, basta de guerras santas ;D
Desde as mais primevas eras, fazemos música, seja de que forma for. Em todas as sociedades antigas, houve a presença da música. Os iorubás, ashantis, bantos, zulus e outros povos africanos fizeram largo uso dos beribaus, as guitarras africanas, e dos atabaques, de todos os tamanhos; música pra eles era o mesmo do que se encontrar com a essência do seu passado, clamar pela luz necessária para, pelo menos, iluminar o árduo caminho por eles enfrentados e comunicar-se com suas divindades. Os árabes, persas e os hindus, tão dispersos pelas suas inúmeras tribos, califados e impérios, faziam música para entreter, mostrar a beleza e exuberância de suas sociedades e criar uma identidade própria, uma marca que os diferenciaria. Os japoneses procuravam o prazer e o deleite proporcionados pelo Nirvana, com seus singelos tambores e instrumentos de corda. Os nativos americanos procuravam glorificar a exuberante natureza que os cercava, coisa que até hoje poucos compreendem tão bem quanto eles. Os europeus, por sua vez, punham sua história, seu pensamento, sua busca por Deus ou por algo equivalente em suas canções.
Exemplos, logo, é o que não faltam; ao contrário, sobram aos montes. O mundo, porém, desenvolve-se e com isso, surgem novas formas de se fazer música. Primeiro, a lógica invadiu esse âmbito da arte humana, trazendo consigo a exatidão do ritmo, do tom, das notas musicais, da temporização. Mais um pouco depois, a acústica invadiu esse campo, tornando capaz a fabricação e criação de novos instrumentos musicais, além de possibilitar uma melhor orquestração da mesma. Após isso, a elétrica e a eletrônica entraram em ação, tornando os instrumentos mais potentes e os amplificadores que permitem uma melhor divulgação do som musicado. Com a globalização, finalmente, foi possível transformar a música em bites e transportá-la pela internet, permitindo um melhor conhecimento dessa arte de todos nós.
Voltando às minhas próprias férias, quando possuo um maior tempo, fico fazendo dowloads de músicas, da mais comum à mais inusitadas e exóticas, em especial desses dois últimos tipos. Tenho prazer pelo desconhecido e busco construir a minha própria identidade, baseando-se, não unicamente, nas canções que admiro.
Há algum tempo já, ovui falar num novo tipo de música: o vocaloide. Esse novo estilo ainda é desconhecido da maioria hoje por razões provavelmente sociais. Baseia-se numa total digitaçização da música: nem o cantor é real, tudo é virtual e imaginário, diáfano e utópico. Procurando novas experimentações, buscando as sensações, os sentimentos, os paladares, olfatos, visões e sabores dessa nova forma de conceber música, decidi ouvir alguma música desse tipo.
Encontrá-la, incrivelmente, não foi difícil. Era japonesa, distante de um mundo inteiro, mas com a internet, reduziu-se a alguns segundos relativos ao carregamento do vídeo. A cantora virtual era bonita, diferente: mostrava um avatar, uma imagem provavelmente real da alma de muitas artistas. Era branca, sorriso estampado e longas e belas madeixas...verdes. Era uma cantilena romântica, a letra parecia melosa, mas valia a pena ao menos ouvir e experimentar.
Em miúdos, a música falava das emoções de uma mulher (ou seria uma menina) de ver o amante abandonando-a por outra. Ela, ao perceber essa situação, inconsolável e descrente de sua paixão, considera o amor uma eterna guerra, em que nunca se é feliz. Sua meta é monstrar ao seu amado todo o seu Amor para ele.
Primeiramente, acho que alguns já estão fartos de músicas, textos, roteiros, fimes sobre esse mesmo roteiro. Em segundo lugar, gostaria de ressaltar que a música, diferentemente de todas que ouvi, não tinha o fundamental: sentimento. A voz da vocaloide, além de ser exageradamente estridente, não tinha nenhuma variação. Seu ritmo era constante, entrecortado apenas por alguns fadeouts. Não mostrava a tempestuosidade da melodia, o gracejo da confusão. Era simplesmente uma estrutura programada e memorizada por um software. Posso estar enganado, mas realmente não senti qualquer tipo de êxtase ouvindo essa canção. Provavelmente, tal sensação de puro maquinismo musical se deve à tal tecnologia, a qual evolui nossa inteligência, entretanto nos leva ao quase total entorpecimento sentimental.
A existência de técnicas "pós-modernas", como os vocaloides e outras coisas do tipo, têm tornado a arte humana uma indústria cultural, impossibilitando-nos de sentir o âmago do amor e da dor. às vezes, nem mais religiosas das músicas, sequer temos sentido a essência divina*.
Não afirmo, porém, caro leitor, que o progresso tecnológico não seja proveitoso e preciso para nossa própria evolução filosófico-intelectual. Cabe à humanidade determinar aquilo que realmente lhe servirá para tais objetivos e aproveitar-se ao máximo disso. O resto, simplesmente é resto: se esvai com as feridas do tempo.
OBS: Essência divina foi um termo usado para ecumenizar o significado da divindade, tornando o texto mais religiosa e culturalmente aceito, evitando possíveis polêmicas. Aliás, basta de guerras santas ;D
A Fera Humana
Frutífero é o labor de educar
Mas a árvore onde se desenvolvem, porém
É frágil como a violeta do campo:
Seja no fulgor, seja na geada
Não resiste à menor das intempéries
Dor sinto ao ver a fronde daquele menino:
A inexpressão, a dor não sentida
O martírio mas doloroso, pois, é aquele
Que não se pode demonstrar.
Fogo que arde na mente,
Gélidas vozes, a cruciar
O fio fino da consciência a desfiar
Gritos, rangeres de dentes, uivos,
Grilhões, gemidos, suspiros
A Dor para quem a tem como
Melhor e única companhia
Fera loura e balofa
Filho das árias,
Que mataram os filhos de Isaac
Ouça o silêncio de nosso perdão
A serenidade de nossa distância
Mesmo que não compreendas aquilo que digo
Letras minhas escárnio não são,
Apenas se fazem como lamento de tanta dor
Que nem sabe como causaste
Responsabilidade nenhuma tens
Pelas pancadas dadas nela
És como nós:
Monstro e Anjo, mais o segundo que o primeiro
Não vês a lama em que estás chafurdado,
A dor que sentes pelos miasmas e nódulos,
Pelos bichos que saem de teu corpo?
Dor tão grande sentes,
E nós também passamos a sentir uma parcela da tua.
Malgrado o nosso bem-querer,
Teremos que conviver-lhe até o seu esvaecer
Dor, cruz que todos carregamos
Tanta sofreguidão nos faz
Mas traz os ventos esperançosos
Dos frutos vindouros da luz da harmonia.
Mas a árvore onde se desenvolvem, porém
É frágil como a violeta do campo:
Seja no fulgor, seja na geada
Não resiste à menor das intempéries
Dor sinto ao ver a fronde daquele menino:
A inexpressão, a dor não sentida
O martírio mas doloroso, pois, é aquele
Que não se pode demonstrar.
Fogo que arde na mente,
Gélidas vozes, a cruciar
O fio fino da consciência a desfiar
Gritos, rangeres de dentes, uivos,
Grilhões, gemidos, suspiros
A Dor para quem a tem como
Melhor e única companhia
Fera loura e balofa
Filho das árias,
Que mataram os filhos de Isaac
Ouça o silêncio de nosso perdão
A serenidade de nossa distância
Mesmo que não compreendas aquilo que digo
Letras minhas escárnio não são,
Apenas se fazem como lamento de tanta dor
Que nem sabe como causaste
Responsabilidade nenhuma tens
Pelas pancadas dadas nela
És como nós:
Monstro e Anjo, mais o segundo que o primeiro
Não vês a lama em que estás chafurdado,
A dor que sentes pelos miasmas e nódulos,
Pelos bichos que saem de teu corpo?
Dor tão grande sentes,
E nós também passamos a sentir uma parcela da tua.
Malgrado o nosso bem-querer,
Teremos que conviver-lhe até o seu esvaecer
Dor, cruz que todos carregamos
Tanta sofreguidão nos faz
Mas traz os ventos esperançosos
Dos frutos vindouros da luz da harmonia.