Ferroso ou calcígeno,
Urticante ou saudável,
Áspero ou suave,
Doce ou amargo,
Salgado ou insosso,
Morder sempre.
A sensação de destruir
Aquele corpúsculo qualquer de comida,
Guloseima alucinógena,
Plantinha desconhecida,
Ou simplesmente um mero mordedor:
O que interessa é mordiscar.
Pela passagem do tempo,
Pela expiração que nos mata brandamente,
Pelos protozoários que nos corroem,
Pelos vírus que nos apodrecem,
Pela percepção de que é mentira o manifesto,
Por sabermos que nada somos e nada seremos,
Pela mulher que mal nos olha,
Pela menina que idiotamente se lança a nossos pés.
Somos selvagens,
Nossa sobrevivência depende da mordida.
Somos assassinos,
Precisamos morder tudo o que há na nossa frente.
Sabemos, pois, que o Amor ainda não é para todos,
Mas que podemos mordê-lo e arrancá-los os maiores pedaços.
Esse é o nosso maior prazer:
Mutilar com a boca o que mais amamos,
Tal qual o mais bruto dos jacarés do Nilo.
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