Qual feliz destino
Teve região aquela
A mata virgem dantes
Repleta dos altos eucaliptos
E do mar, a areia branquinha
Povo? Quase nenhum
Alguns somente pescadores
Que peixes pegavam
Por inocente distração
Baixada entre o morro
E o desbravado Atlântico
Lagoas azuis como da galega
Os olhos
O empresário, então, chegou
Construiu um prédio
E logo outro o fez
Inocentemente tanto,
Que ninguém percebeu
Os generais tão-somente
Empreenderam casas
E prédios populares
Justiça era aquela
Que construía
A casa do mísero
Mas isolava-o
Da beleza da Tropical
Filial parisiense
Chegaram, destruíram,
Asfaltaram
Há pouco chegaram os
Midiáticos, os magnatas
Viva expressão da
Novo-riqueza carioca
O shopping ali veio
Trazendo consigo
Os narizes empinados,
Maiores que os próprios cérebros
Tanta pujança, riqueza tamanha
A pobreza, ali do lado,
Quase excluída
Terreno purgatório dos
Mortos-vivos econômicos
Pivetes nascidos
À porquidão do mínimo barraco
De um útero mal-desenvolvido
De uma adolescente ignóbil
Por um marginal brutalmente estuprada
Vida depravada
Descalços pés, Jesus também o fez
Não como esse moleques,
Com pés perebentos
Pelos fungos, ratos, formigas, cacos de vidro
Assumindo inúteis compromissos
Persistindo na insipiência da mãe,
Pois sumido, o pai o é
Banhos de Sol, pelo córrego
Repleto de lixo, e fezes, e cadáveres
Surfando pela imundície
Das impurezas dos favelados
E da classe emergente mediana
Aos dez, começam ao Baile ir
Pra presenciar a promiscuidade
Fazer também parte dela
Perdem a pureza nunca tida
E enveredam pelo caminho
De tóxicos, e de miséria, e de extrema loucura
Malignos alcalóides, quais os matam
E os loucos tornam
A isso paralelo,
A família do feliz magnata:
O patriarca, cedo pra trabalhar sai
Obter o sustento supérfluo da família
Passa o dia todo no ócio
De seus negócios
Ainda com uma amante mantém
Relação de frios e sórdidos desejos
A martrica, de fantasia vive
Na compras em grandes lojas
Sempre na moda está
Usa a casa como dormítorio
E de visitas, receptáculo
Toda a responsabilidade,
Deixa com a secretária, babá, empregada
Os filhos, então,
Carentes e abandonados pelos pais
Frutos vistos de salvação do casamento falso
De brisa e da herança vivem,
Alheios a tudo o que real é
As lagoas, cobertas de lixo e lama
Bactérias putrefatas anaeróbias
A morte desse verde, nas águas abundante
As praias, repletas de porcos
Tratos deselegantes,
Promiscuidade evidente
Vergonha total ausente
Que feliz destino essas paragens
Tiveram!
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