Cirque des Horreurs

Se o Sol não queima
A chuva embolorece
Molha
Inunda
Mas crede, espectadores
Nem a tempestade
Nem o calor estelar
Será capaz de tirar
A feiúra de nossas mentes.

Relações Entrópicas

Quando vir que tudo anda mal
Tranquilize-se
Pois tudo um dia
Irá se explodir no seu caos interno.

Aspirante a vivente

Ainda irei pra uma ilha
Onde poderei em paz
Contigo e com a natureza

Vida, me leve
Preciso olhar mais pra você
Quero ver o teu rosto
Quero ter tua boca,
Teu peito e teu corpo inteiro logo

Hoje, nesse continente
Milhões morrem doentes
Milhares reclamam porque têm conta bancária
Centenas reclamam de um defeitinho na roupa de grife
Dezenas se engasgam com escargot
E só um deseja tê-la - eu mesmo.

Porque não podemos andar como fomos feitos?
Quem sou eu?
Esse monte de fantasias são a minha anti-vida.

Ácidos e bases, pra quê infernizam minha boca?
Queimem-se na fogueira de água, coisas malditas
Reclamam da minha des-ciência?

Vida, queria tanto tê-la
Mas - e mais - tantos tecidos
Me afastam de ti, amor.

Um retorno

Sim, eu voltei. O tempo quis me castigar, mas estou de volta. Até quando eu não sobreviver.

Dias de Sanidade

A habilidade de voar foi valorizada
Mas voar é cair
Não há como sair do chão

É possível mergulhar, apenas
Imergir na profundez da mediocridade

Arrastando as correntes
Vamos vencendo
Com faces de derrotados
Com suspiros míseros
Com lágrimas pueris

Meu coração debate-se no peito
Ele quer sair, mas não pode

Observe aquele papagaio, menina
Dê o seu biscoitinho
Ele é feliz em sua mão

Mulher, jogue as sementes para o homem
Esse aí, que está na gaiola
Minhas brânquias não aguentam mais
Mergulhar nessa água

Tento ligar a tevê
Mas veja, ela sempre está ligada
O canal mostra a minha vida
E estou lá
Só assistindo

Ciente de tudo.

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