Um Elogio à Caretice

 

Depois de alguns  dias sem ter ideia alguma do que postar, sem a miníma criatividade e o máximo da preguiça comum a esse péssimo mês que se chama Janeiro, encarei uma coisa que existe em mim, mas eu não queria admitir.
Infelizmente, você, caro leitor, deve achar suuper chato as minhas divagações, o meu detalhismo doentio. E para sua imensa satisfação, você terá mais uma dose dessas minhas qualidades, ou seriam defeitos?
Ainda me lembro de uma música da Legião Urbana. "A Dança". Antes que isso pareça nostálgico, e pode acreditar que não é, vou dar um ctrl+v nuns trechinhos interessantes, isso se o Writer permitir.

"Você é tão moderno
Se acha tão moderno
Mas é igual a seus pais"

Enfim, depois desse momento cultural, comecei a me tocar de algumas coisas que vem acontecendo e que a todo tempo me fazem parecer no tempo da minha avó. Devemos, é claro, agradecer à mídia, mas isso é assunto para outro post.
Nem precisa muita pesquisa pra verificar isso. Na televisão, na internet, nos realities shows, o que você mais vê são assuntos escabrosos que mostram o quanto somos moderninhos. Vamos passar pelo melhor programa do que a estatística do Ibope chama de "Classe C", o terror das zelites.
Ninguém duvida do poder do BBB, quer dizer Boninho, Bial e Babacas. Aí vem essa gente, querendo impressinar, o marketing social e outros papos que só conseguem enrolar perua hipnotizada. Já não bastasse a pasmaceira de botar um drag queen, uma biba pupurinada, um homófobo do Terreirão e uma lésbica gostosa em 2010, decidiram pôr um homem que fez uma cirurgia de mudança de sexo.
Passado o susto pré-BBB com os boatos espalhados pela própria emissora, a mesma decidiu esfriar o caldeirão. Tiveram o desplante de fazer uma reportagem com a "macharada" de Realengo, do mesmo bairro do cidadão (digo, da cidadã). Disseram que adoravam a moça, que era gostosa, mesmo sendo cópia do original. Pegariam ela, com certeza!! Mas seria verdade? Eu acho que não, tanto que ela foi a primeira a ser dispensada da "casa"
Não que eu seja favorável a homofobia, mas não seria estranho, a meu ver, reações contrárias aos transexuais. Ainda é uma coisa bizarra, até mesmo nojento. Entendam, não sou favorável à Eugenia, nem coisa parecida. Mas ainda não consigo chegar a esse nível de liberdade. Mas pra alguma coisa serviu esse causo que ainda tá esquentando as conversas fúteis. Não, não foi pra combater a homofobia, longe disso. Só mostrou o quanto ainda somos caretas, o quanto ainda estamos no início do século XX.
Pior é perceber o quanto isso influencia. Escolhemos para governar pessoas antenadas com os valores dessa época, vivemos com pensamentos e princípios de economia que lembram do que os nossos bisavós faziam. Tenho certeza que muita gente ainda guarda dinheiro debaixo do colchão. Até mesmo nossa expectativa pra velhice é igual: aquela visão deprimente dos velhos encostados no sofá, sendo um encosto pros filhos e netos.
Os Estatutos mostram isso. Como consumidores, infelizmente, a tendência é inversa. Somos cada vez menos espertos, e tem gente que xinga judeu e sírio-libanês pela sua capacidade de pechinchar, prática cada vez menos importante, pois o que vale é o orgulho que temos ao engolir os preços dos presentes de Natal lá nas alturas. Nos resta a compra a prazo. A preocupação com o meio ambiente não passa de balela e engodo, pois ainda não nos preocupamos com a desconhecida Amazônia. E ainda nos espantamos com as chuvas de Verão!
Grosso modo, até tentamos ser modernos, mas ainda somos tão caretas quanto as carolas e os pudicos.


Indiferença

A maior praga humana
A morte de qualquer mortal
O silêncio dos humildes
A lama que inunda um espírito luminoso

Pobre aquela alma que lamenta
Na profundidade da sua ignorância pueril
Como, boba e tola menina, pudeste acreditar
Nos seus pés haveria um pedestal?

Mas a dor que sentes é a mesma que senti
Em dias menos quentes
Em tardes mais entediantes

Tempos imemoriais
Tempos em que os italiotas
Brincavam de ser gregos

Mas não sabiam da humanidade
Ela está mais além
de duas quartas e duas terças
E toda a sua teoria, toda a sua métrica
Foi lançada aos porcos
Tesouro inútil, enlamaçado na sua lama,
Minha madama
Prefiro escrever com essa mão limpa e alva
Amar-te e quebrar essas amarras do passado
Erga-te, levanta-te, anda:
Venha, dê as suas mãos lavadas em chorume
A esse ser indigno de atenção.

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Perdoem-me a demora, foi questão de inspiração. Baixei um álbum horrível do Gene Loves Jezebel, The House Of Dolls, mas isso é pra outro post. Feliz 2011, de acordo com suas interpretações.
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