Comerciaização da Cultura

Depois de muito tempo sem poder entrar, por causa das indispensáveis responsabilidades diárias, venho falar sobre esse tema, que pode ser um pouco difícil de entender.
Há alguns dias, em um dos meus raros e curtos descansos, ouvi falar na televisão sobre as leis que certos países começam a criar, tornando o download de músicas, filmes, jogos e livros como crime. Se não me engano, uma estadunidense foi obrigada a pagar por todas as músicas que baixou.
Poucos sabem, mas as gravadoras têm altos lucros todos os anos com a venda da cultura. A desculpa, frequentemente repetida por essas indústrias, de que os custos da matéria-prima aumentaram é absurda.
A causa para todos esses lucros é a exploração dos artistas, que têm prazos para produzir suas obras. Devem criar sua criatividade e, se for preciso, escrever sobre coisas fúteis, o que nós mais vemos hoje em dia. Lógico que não citarei ninguém; prefiro que as pessoas façam seus próprios julgamentos. O que sempre está no topo é uma pequena parcela de toda essa cultura produzida. A liberdade de expressão não é nada além de uma farsa, um bálsamo para nossas percepções tão ofuscadas por essa sociedade onde vivemos.
O outro lado da exploração está em nós mesmos. Nós, que consumimos cada vez mais, num ritmo vertiginoso e estonteante cujo fim ninguém tem conhecimento. Seja pela "inocente" propaganda entre programas de alta audiência na televisão, seja pelos gigantes outdoors que nos cercam nas ruas, devemos comprar aquele novo CD, filme ou livro, mesmo que o preço não esteja nada pequeno.
Diante toda essa situação, proponho a seguinte situação, que talvez pareça impossível. Vamos transformar a cultura em algo livre, gratuito, como se fosse um hobby para os artistas. Sem exploração, sem compromisso. Apenas o simples prazer de divertir, conscientizar e informar.
Porém, tudo vai depender da gente. Talvez, nós já estejamos acostumados a esse imobilismo, de ter o "poder" de consumir, que nada mais é do que ilusão.

E assim caminha a humanidade

Outro dia, tava eu passeando pelas ruas da magnífica metrópole onde vivo. Aquelas eram ruas comerciais, com várias lojas ostentando diversos produtos, de roupas a utilidades domésticas.
Observei os rostos das pessoas que ali estavam, e via a alegria irradiando delas. Estavam, aparentemente, renovando radicalmente as suas vidas. Mas, pensei se isso era ou parecia verdade.
Após muito refletir numa tarde chuvosa, nublada, em que o frio proporcionado por aquelas frias gotas d'água me fazia pensar melhor, cheguei a uma conclusão nada feliz. Talvez você leitor não concorde com uma vírgula que eu vou falar, mas pra mim essa é a pura verdade.
Será que ninguém nunca reparou que essa felicidade, causada por essa "evolução", não dura muito? Pra mim, uma pessoa assim não fica nem cinco minutos alegre. Comprar virou droga. É como se o cidadão, farto da sua vida medíocre, fosse beber, fumar um cigarro (de qualquer merda; todos são ruins mesmo!). Ir ao shopping hoje parece fazer um piquenique. Só que não há mais aquela união, todos se separam por um propósito: comprar e torrar o limite do cartão de crédito.
Temos que vestir hoje a roupa da moda; aquela, que tem uma estampa que faz toda diferença. cansado disso tudo. Vivemos ou não em liberdade? Um dos maiores absurdos que ouço hoje em dia é que a aparência é o que mais importa. Não podemos expressar nossa fé, não podemos ter o nosso próprio estilo, não podemos ter o nosso próprio corte de cabelo. O pior de tudo é não podermos ser tristes.
Aqui vou criar a minha concepção de tristeza. Estar triste é um estado necessário para nossa evolução; representa os obstáculos pelos quais temos de superar. A sociedade, guiada pela "ciência", esta na sua parte mais irracional, acha a tristeza uma doença, como se fosse sarna. Querem se desgrudar dela a qualquer custo.
E aí chegam os Deuses da alegria: os barbitúricos. Essa dádiva da psicanálise e da psiquiatria nos deixam felizes assim que nós tomamos esses remédios. Aqueles ácidos de fórmula mega-hiper-super elaborada entram na sua corrente sanguínea e deixam seu cérebro turbinado. O que quase ninguém sabe é como esse paraíso é falso. Pesquisas, feitas por uma ciência racional, comprovam os danos desses medicamentos. Eles enganam o seu corpo, prejudicam funções vitais e intelectuais. Mas poucos dão bola. O que querem é só enfiar a pílula goela abaixo. O resto fica por conta da droga.
É estranho como há um mecanismo perpétuo para que todos nós sejamos felizes. O consumismo desenfreado é uma dessas coisas. É incrível que ninguém, nem mesmo quem tá lá em cima, quer que você seja triste.
Pior que quando alguém tem o atrevimento que eu tendo agora é visto como suicida ou coisa pior. Digo que, por tudo que há de melhor nessa minha existência, não sou desses que não gostam da vida. Somente a força superior que nos rege é capaz de determinar o meu tempo. E quem sou eu para desafiar o Mestre?
Agora, termino com uma mensagem: vamos evoluir, mas de verdade. Quando você quer reformar um prédio, de verdade, você não muda a faixada; renova a estrutura. Curtam o silêncio da alma de vocês nesse frio e até outro dia.

O Bem e o Mal

Falar sobre esses dois simples adjetivos, de fácil pronúncia e aparente clareza de significado, é na verdade bem difícil. Muitos curiosos, como eu, já tentaram fazer isso. O problema é que cada um definiu o bem e o mal de formas diferentes.
É fato que nós estamos habituados na visão de que os dois adjetivos são opostos entre si. Em uma sociedade como a nossa, em que a mídia, com os seus dramalhões diários que nós assistimos assiduamente, isso é absolutamente normal. Acontece que as novelas sempre têm a separação entre o bem e o mal. Não há meio-termo. É uma ideia tão repetida que já se incorporou ao nosso dia-a-dia.
Essa valorização da simetria entre bem e mal se justifica. Empresas ambiciosas, governos corruptos e igrejas que querem cada vez mais fieis se interessam em arraigar um rebanho para serem guiadas por um pastor. Fica claro que os protagonistas sempre são certos, nunca questionam a estrutura social, não sentem o universo que os cercam. Estão sempre se importando em cuidar desse mundinho humano, quase sem importância em comparação ao infinito Cosmos.
Os maus são sempre aqueles que transgridem as regras, sendo vistos como seres irracionais, egoístas, excêntricos, feios e outros adjetivos "ruins".
Vou organizar isso tudo numa metáfora. Imagine que nós sejamos um rebanho guiadas cegamente pelo pastor e pelas ovelhas mais velhas. Um lobo aproxima-se. Entretanto, em vez de matar as ovelhas mais novas, matam as mais velhas, tentando mostrá-las o seu caminho.
Levando para a realidade, não é preciso matar os dominantes; o que deve ficar claro é que nós devemos sobre a questão da nossa participação nos destinos da nossa sociedade e de nosso saber. É um absurdo a dogmatização da ciência, que é vista como superior e quase inalcançável, exceto para aqueles que possuem "altas capacidades". Nós fazemos parte dessa comunidade e, portanto, temos o direito de darmos nossas opiniões, independente se sejamos protagonistas ou antagonistas absolutos, o que é impossível, ou sermos um misto dos dois, nessa incrível estória que se chama vida.

O Tiroteio Nosso de Cada Dia

Nessa semana, eu estava voltando pra casa, depois de um dia pra lá de cansativo, pensando em comida e descanso. Foi quando ouvi disparos rápidos, barulhentos, que espalhavam o ódio por toda aquela rua.
O barulho parecia o dos fogos, mas devido à proximidade da origem daqueles sons, eu tinha certeza de que eram tiros. Eu e os outros passageiros do ônibus tivemos que nos abaixar, amedrontados e assustados, vendo a realidade na nossa frente.
Depois de quase sermos atingidos por um a bala perdida, alguém nos disse que aqueles disparos foram feitos por causa de um assalto.
Esse foi o fato. Outros teriam ficado por aí, mas eu pretendo discutir sobre isso.
A própria existência de objetos que podem tirar a vida como as armas deve ser colocada em discussão. Por que se permite o uso dessas armas. A autodefesa pode ser uma poderosa justificativa, mas será certo defender o que nos ameaça com uma outra ameaça? será que se pensa nisso quando se produz uma arma?
Não é o que se vê. As armas são produzidas e melhoradas tecnologicamente para sustentar guerras, de superficialidade moral, que nos faz retornar à condição de meros animais, com seus instintos não-reflexivos.
Há algum tempo, perguntou-se aos brasileiros se queriam restringir a posse de armas. o brasileiro, contrariando a fama, o senso comum, de pessoa pacífica, disse não a essa nova lei. Talvez, não tenham pensado na vida tirada das pessoas que simplesmente voltavam pra casa; nos sonhos arruinados de pobres sonhadores que nós somos; nos traumas que prendem as pessoas durante o resto da vida, seja psicologicamente, seja fisicamente.
A natureza, por meio de seus mecanismos variáveis, é a única que poderia tirar a vida de alguém. Sem sofrimento, sem sangue derramado, e sim de uma formas mais simples, aspirando o ar que nos corrói a cada inspiração, que à medida que nos dá corda pra viver, também a tira, sem dó nem piedade.
Nossa vida é um jogo, talvez o mais complicado de todos. Porém, não precisamos tirar alguém da nossa frente à força pra sermos felizes.
Outra coisa bastante triste é a nossa imobilidade diante tudo isso. Fato como esse do tiroteio ocorrem todos os dias, passam em todos os noticiários, e nada fazemos, a não ser reclamar. Tirando alguns protestos amadores, não vejo protestos realmente importantes. Nós, humanos, nem sequer tentamos ser um pouco mais fraternos um com os outros. Tudo gira em torno do dinheiro, a felicidade fácil, e o preço que se paga por isso tudo.
Perdemos, cada vez mais, nossa liberdade, nos atando a rotinas falsamente milagrosas, que nos prendem, obrigando-nos a andar em círculos, a dizer sim a tudo e a todos. Temos que nos deter a uma educação superficial, e fazermos muito pra algo que não passa de nossa obrigação.
Até a natureza, somos obrigados a considerá-la constante, com os mesmos comportamentos, talvez pra mostrar-nos que nós domamos a natureza, que nós sabemos todos os seus movimentos. Somos levados a ser inconsequentes, irracionais.
Ressalto aqui que não quero impor nada a ninguém, mas talvez poucos tenham vontade de ler isso. Cada um tem uma escolha a fazer: Diante de toda essa sociedade, em que assaltos, genocídios, estupros, homicídios e outros são quase normais e imperceptíveis, o que se vai fazer? Qual é a sua atitude?
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