Vanitas

Finalmente consegui uma brecha para aqui mais uma vez escrever. Desde a última postagem, que achei bastante impactuante sobre mim mesmo, fiquei pensando e surgiu a palavra que tá no título desse post. A partir dessa simples palavra, esquisita para nossos ouvidos acostumados ou ao latim dos tugúrios, bruto e insolente, que se tornou o que conhecemos como língua portuguesa, ou ao inglês, que representa a praticidade e dinamismo anglo-saxão.
Sem mais enrolar, vanitas vem do latim clássico, original (assim espero eu), e abrange tudo o que seja passageiro, aquilo que é temporário. Descobri essa palavra, incrivelmente, num trabalho de português. O tema era o Barroco, exemplificado num quadro, 'As Vaidades da Vida Humana', de um holandês qualquer. Não me interessa, entretanto, sobre o que quadro fala. Mesmo concordando com algumas coisas retratadas, discordo totalmente de outras. Se você, leitor, não conseguiu fazer a analogia, o exercício afirmava que, etimologicamente, vaidade surgiu de vanitas.
Deixemos de falar de etimologia. Refleti bastante sobre a minha vida; às vezes, é preciso arrumar a mente: ver o que deve ficar e o que deve ser descartado. A conclusão foi incrível. Talvez esteja errado por misturar teorias tão contrárias, que aparentam se excluir. Mas sei que não pode haver uma destruição, tudo se reconstrói. Essa foi a minha conclusão básica. Sei também que tantos já falaram isso, como Lavoisier, Einstein e uma centena de filósofos. Entendam, não plagio ninguém, aliás, nem preciso disso. Prefiro somente construir o prédio da sofia (saber, conhecimento) à minha forma. Bem melhor do que decorar num dos livros de falsa bruxaria que nós, alunos, somos obrigados a trabalhar todos os anos.
A vida, como todos sabemos, esvai-se. É como a areia fina e praiana, que nossas mãos pegam e cujos grãos escapam-nos, até a brisa marítima levá-la por completo. Surpreendo-me com o medo das pessoas de morrer. Eu mesmo já o tive. Muitos devem pensar que não valorizo a vida, mas, pelo contrário, tento aproveitá-la. Acho que o que ocorre é uma deturpação do sentido de vida. Aproveitam-na como se fosse única, e têm forte apego por ela. Saindo do debate religioso, sabemos que há tempos espalham a profecia da tragédia de 2012. Até a mídia se aproveita disso, com a proximidade do evento. Criam-se filmes, documentários, seitas, rezas, tudo para evitar o pior. Muitos têm medo de perder a vida e de que a humanidade se extinga. e daí? Tantas outras espécies, mais fortes, mais resistentes, talvez mais inteligentes, já passaram por aqui. Foram derrocadas. Não vemos nenhum dinossauro. Mas não quer dizer que tenham sido destruídos. Simplesmente se tornaram outras coisas. Provavelmente, suas almas puderam se melhorar. E se a destruição vier? Ela não existirá conosco, será apenas uma reconstrução. Talvez, não caiba a nós evitá-lo.
Minhas idéias, por exemplo, sei que são temporárias. Em mim, sei que poderão vir a serem abandonadas, mas também vejo que não sumirão da minha cabeça. Se um vierem a fazer sucesso, podem mudar nossos rumos. Mas bem sei, que acontecendo ou não isso, elas um dia serão levadas à fogueira. Outros podem se aproveitar das minhas idéias, construir por sobre elas uma nova edificação do saber. Ou criticá-las, considerá-las o opróbrio...é muito que tenho a escrever, mas o tempo me escapa e um forte temporal nos afeta. Talvez, deverá haver um novo vanitas. Até logo.

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