O Espelho da Realidade

Agora, que finalmente consegui um tempo pra respirar melhor, pude ver e ouvir mais coisas exóticas online. Digo que são exóticas não somente pela esquisitice, mas sim pelo novo, por conseguir trazer à tona idéias e memórias que poderiam muito bem ficar afogadas pra benefício de poucos. Ainda bem que, hoje em dia, nós temos a Internet, a qual pode nos levar pro outro lado do mundo em um segundo.
Falando em Internet, consegui perceber que sempre procuramos meios que diminuam a distância entre dois pontos do mundo. O fictício Phileas Fogg, do livro de Júlio Verne, não estava nem um pouco errado, ao afirmar no final do século XIX, em plena "Belle Époque" européia, que o mundo havia diminuído. Tudo bem, aí pode-se ter o envolvimento de meios de transporte, mas por que não dizer que a Internet, o orkut, o twitter, o blogger, o facebook são meras ferramentas cujos objetivos são exatamente os mesmos dos trens, navios e aviões?
O objetivo lógico que também poderíamos evidenciar, com o passar dos anos, seria um maior conhecimento de mundo do povo em geral. Ninguém mais ficaria preso às suas origens. Aí chega a questão tão debatida filosoficamente, seja por Nietzsche, seja por Pessoa, de qual seria o fim dos costumes, das culturas. Talvez houvesse uma integração entre essas. Ou uma aglutinação das 'inferiores' pelas 'superiores'.
Infelizmente, vemos o advento da segunda resposta. Não defendo ações nacionalistas, até porque as interações saudáveis são necessárias pra uma renovação constante de nossa ethos. Não venho destacar a invasão estrangeira tão fracamente criticada pelos nossos mais ferrenhos nacionalistas, que preferem viver presos à cultura de quarenta anos atrás em vez de admitir que nossa cultura se tornou uma sucursal do "American Way of Life".
Aceito sim que alguns valores e costumes estadunidenses são aproveitáveis, mas outros, os piores, são passados repetitivamente, em benefício dos impérios culturais dos EUA, alienando a todos com seus princípios fúteis, perversos e destruidores da vida integral. Aprendemos a desconsiderar nossos pensamentos, a comermos para simplesmente agradar e saturar nossos sentidos da mais pura gordura hidrogenada e corantes e agrotóxicos suspeitos. Tudo deve ser cuidadosamente limpo e decorado. Pegamos emprestados costumes mediterrâneos e orientais por simples supertição, ou até mesmo sofisma. Exemplos, esses são vários. Porém, todos são trazidos por um único meio.
A Internet, a mesma que reduz distâncias e acaba com alienações, é aproveitada pra fazer outros alienados por aí. Tudo pra esconder a realidade. Um diz que todos devem ser perfeitos, brilhantes, irradiando a felicidade inalcançada. Outro diz que é inaceitável falar de coisas ruins, e atá tapa os seus próprios ouvidos ao começarem a falar do trágico.
Pra que se esconder do real, através do mesmo espelho que mostra a realidade nua e crua, ou seja, a Internet? Realidades foram feitas pra serem vistas e então, apreciadas ou passíveis de modificação. Mas nada é verdade absoluta, lembrem-se. Tudo é feito de tentativa e erro.

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