Diário dos que Ficaram

O hino brasileiro apresenta-se como uma das mais belas e românticas declarações de amor à pátria. Entretanto, sua estética literária, de tão formosa, esconde muitos segredos do Brasil. Sonhos, esses às vezes, ou melhor, quase nunca, são correspondentes à realidade.
Era, porém, a forma desse grupo de autores pra se expressar, através de mentiras sujas e malditas, ao contrário da consideração humano-filosófica pela sua parte. Floreios vários e inexistentes borrões, na grande aquarela que tornaram nosso país. Doçura imensa a deles transfigurar sua cega ambição econômica em amor declarado às matas nativas desse lugar. Transformaram o índio em herói, mas se esqueceram de dar aquilo que eles mais prezam: a total liberdade.
Tanta beleza, ocultando montes putréfatos de exploração, cidades fuliginosas, negros oprimidos. Agora, com o mesmo objetivo desses sonhadores, os poderosos de hoje decidiram fazer a caridade, aos olhos deles mesmos. Pra debaixo do tapete escondem a imundice que se tornou a nossa educação, que o podre ianque fez questão de esfrangalhá-la.
O paraíso tornou-se despotismo. A ditadura acabou, mas com ela, veio o rastro blenorrágico da corrupção, do desrespeito absoluto com o cidadão humilde. Os autores do hino nacional colaram da 'Canção do Exílio', louvando a pátria, mesmo que de longe. Porém, com o degredo, levaram todo o belo, mostrando-o a todos os estrangeiros. E nós, como ficamos, sem o verde forro que nos cobre?

0 comentários:

Postar um comentário

Locations of visitors to this page