A Fera Humana

Frutífero é o labor de educar
Mas a árvore onde se desenvolvem, porém
É frágil como a violeta do campo:
Seja no fulgor, seja na geada
Não resiste à menor das intempéries
Dor sinto ao ver a fronde daquele menino:
A inexpressão, a dor não sentida
O martírio mas doloroso, pois, é aquele
Que não se pode demonstrar.
Fogo que arde na mente,
Gélidas vozes, a cruciar
O fio fino da consciência a desfiar
Gritos, rangeres de dentes, uivos,
Grilhões, gemidos, suspiros
A Dor para quem a tem como
Melhor e única companhia
Fera loura e balofa
Filho das árias,
Que mataram os filhos de Isaac
Ouça o silêncio de nosso perdão
A serenidade de nossa distância
Mesmo que não compreendas aquilo que digo
Letras minhas escárnio não são,
Apenas se fazem como lamento de tanta dor
Que nem sabe como causaste
Responsabilidade nenhuma tens
Pelas pancadas dadas nela
És como nós:
Monstro e Anjo, mais o segundo que o primeiro
Não vês a lama em que estás chafurdado,
A dor que sentes pelos miasmas e nódulos,
Pelos bichos que saem de teu corpo?
Dor tão grande sentes,
E nós também passamos a sentir uma parcela da tua.
Malgrado o nosso bem-querer,
Teremos que conviver-lhe até o seu esvaecer
Dor, cruz que todos carregamos
Tanta sofreguidão nos faz
Mas traz os ventos esperançosos
Dos frutos vindouros da luz da harmonia.

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