Vogelfrei

Volto a postar aqui no blog após quase duas semanas. Em primeiro, surpreendo-me com a rapidez imperceptível do tempo, tão valorizado hoje em dia. Também admito que esse foi um período em que, por diversas razões, não tive inspiração alguma pra escrever sequer uma linha. Mas, nesse dia, a maré mudou, devido a uma notícia que, ao mesmo tempo, é triste e revoltante.
Teve uma média repercussão nos noticiários dos grandes impérios televisivos, responsáveis por nos entorpecer, dia após dia, com notícias fúteis ou, quando não, por tragédias do pior estilo, uma manchete que poderia ter se tornado "comum" nesses programas, se fosse ambientado na maioria das escolas. Infelizmente, não se fez tal fato. Cito, para os que não sabem, o acontecimento ocorrido no Colégio Naval, em que um estudante, ao contrário do que disseram os algozes midiáticos, enlouqueceu devido à pressão exercida pelos estudantes e pelo próprio corpo de oficiais (ou feitores).
O Colégio naval, admito, nunca foi admiração ou sonho meu. Ao contrário, não concordo com o modelo educacional e filosófico da instituição. Jamais conseguiria permitir um tolhimento da minha liberdade individual pra simplesmente conseguir sucesso, como fazem todos aqueles, que se sacrificam por um, dois, até três anos pra entrar na "Balilla". Aproveitando essa alusão à instituição disciplinadora (ou torturadora) de jovens italianos, à época de Benito Mussolini, pensemos um pouco no papel da instituição militar. O que fizeram esse grupo, sustentado pelo governo federal, nos últimos anos? Pois lhes responderei.
Digo, categoricamente, que as forças militares desse país nada fizeram pelo povo brasileiro. Posso até me consertar, afirmando que eles trouxeram consigo a truculência de um sistema autoritário, cujas consequências perduram até os dias atuais de nossa existência como país livre. Espoliaram o povo, obrigando os jovens a cumprir um alistamento desnecessário para si mesmos, pois somente lhes dá como dever limpar os quintais dos coronéis e levar pra passear os cães do senhor major. Isso lá é tarefa digna pra uma pessoa, que tanto luta pra conseguir um soldo que nem é proporcional ao seu esforço físico-mental? Afirmo também que os senhores oficiais, em sua maioria, nada fazem, a não ser mamar nas tetas das verbas da União, sustentada, quase inconscientemente, por nós, que somos iludidos por essa mesma classe pelo ideal de manter em nossos corações o instinto nacionalista e de manutenção à democracia, coisa tão piegas e antiga quanto a própria instituição.
A filosofia do atual militarismo brasileiro ainda tá ligada a frágil estrutura positivista. Tal modo de ver a sociedade assemelha-se a uma comunidade de formigas. Pois lhes pergunto: somos formigas, seres frágeis e irracionais, sem força suficiente pra nos revoltarmos contra nossas estruturas sociais putrefatas de tão antigas? Não, somos seres livres e temos direito a pensarmos e agirmos como bem queremos. Não devemos permanecer confinados num campo (de concentração) apenas em busca do sucesso.
Desde a época da proclamação da república foi assim. As forças armadas sempre procurando meios de convencer o povo de que estão fazendo o bem. Seja por parnasos, tremendos homossexuais encolhidos que criaram essa palhaçada de serviço militar obrigatório, seja por militares inspirados no nacional-socialismo, pregando que uma mentira, quando repetida mil vezes, torna-se verdade. Pra eles, a disciplina, o peito estufado, a falsa objetividade são a glória pra quem quer que seja. Estão enganados, principalmente nos dias de hoje.
Termino esse post afirmando que a maioria das ações das forças militares estão identificadas com atos totalitários, e portanto, devem ser execradas em meio público. A própria existência do militarismo é uma quimera. Cito palavras do ex-deputado Márcio Moreira Alves, que em 12 de Dezembro de 1968, fez um dos discursos mais desafiadores ao militarismo brasileiro:
"A impessoalidade das conquistas do Direito é uma das mais belas realidades da luta dos povos pela liberdade. O nome dos barões que, nas pradarias de Windsor, fizeram o Rei João Sem Terra assinar a Magna Carta, perdeu-se nas brumas do tempo. Mas o julgamento por jurados, o direito dos cidadãos de um país livremente atravessaram as suas fronteiras, a necessidade de lei penal anterior e de testemunhas idôneas para determinar uma prisão, continuam a ser um imorredouro monumento àqueles homens e a todos os homens. Esqueceram as gerações modernas as violências de Henrique VII da Inglaterra, porém todas as nações do Ocidente incorporaram às suas tradições jurídicas a medida legal que durante seu reinado e contra ele firmou-se – o hábeas corpus. [...] Não se julga aqui um deputado; julga-se uma prerrogativa essencial ao Poder Legislativo. Livre como o ar, livre como o pensamento a que dá guarida deve ser a tribuna da Casa do Povo. A Constituição proíbe que se tente abolir a Federação e a República. No entanto, os parlamentares podem defender da tribuna a monarquia e o estado unitário. A liberdade de expressão no Congresso terá de ser total para que o Congresso sobreviva. Muitas vezes, em períodos conturbados de nossa História, e ainda recentemente, deputados discursaram em defesa de um regime de exceção."

(Des)Prazeres da Vida Cotidiana

Muitas vezes, eu me pergunto qual seria o porquê de não postar tanto como planejava no blogger. Outras vezes, também me questiono por que as pessoas muitas vezes preferem ler simples babaquices cotidianas, fofocas várias, ocupar-se de coisas tão passageiras e desimportantes. A vida me parece às vezes um emaranhado de futilidades.
A primeira questão a ser lançada é se criamos isso ou se isso já vem pronto pra nós. Por que será, que nós, envolvidos em estratagemas científicos intrincados, alguns ainda nem descobertos pela ciência de hoje, ainda presa a modelos fúteis? Seríamos, então, criados pra simplesmente aproveitarmo-nos da mídia mentirosa, que espetaculariza pessoas, às vezes inocentes, às vezes oportunas demasiadamente?
Certamente, a vida é muito mais do que isso. Qualquer que seja a sua cultura, provavelmente tem como base educativa a busca de novas experiências, utilizando-se de diversos meios. Pra isso, existe um mestre silencioso, que não utiliza-se de lousas, lições, ou sermões fora do comum. Não há também, com esse mestre, provas orais ou escritas. Tudo é baseado na prática e no erro e na dor. Assim, com certeza, qualquer um, cedo ou tarde, aprenderá a lição.
Mas todos se esquecem disso. Preferem ver a banda passar, acompanhar a vida dos outros, ou quem sabe, a vida daqueles que nunca virão a existir. Querem ver toda a candura, amor, paixão, e desventuras em outras pessoas, já que têm a vida apagada pela indústria que fomenta tudo isso, que quer ganhar lucros e mais lucros em cima de pessoas que já nascem com o humor de mortos-vivos.
E é daí que surgem muitos de nossos problemas cotidianos: da mídia, que ao mesmo tempo que entrona heróis, desterra vilões, enquanto nós simplesmente passivos assistimos.

Sobre A Beleza das Coisas

Agora, um novo ano começou. 2010 chegou, mas a vida continua. Faz algum tempo que sequer mexo no blog, ainda que me sobrem ideias, que vão e vem no turbilhão mental, num escoamento bastante turbulento. Algumas, porém, necessitam ficar mais algum tempo guardadas. Precisam ser atualizadas e construídas, aos poucos. Confesso que não sou perfeito. Às vezes não escrevo porque simplesmente falta-me a disposição, o ânimo suficiente pra abusar da conexão banda larga e gastar o teclado. Facilitando tudo, também faço parte de um time vergonhoso, o da preguiça.
Mas hoje, num sopro repentino de inspiração e de energias, decidi voltar ao blog. Falar de algo que, quando lido, pode causar em alguns reações inesperadas. Mas o que é o ofício de escrever, senão o de expressar as ideias, sejam elas quais forem? Em alguns casos, a transmissão de certas ideias pode ser bastante perigosa, mas creio que perigo nenhum haverá em palavras tão desorganizadamente arrumadas nesse espaço frio de pixels e elétrons.
Alguns me perguntam, já há certo tempo, por que ouço músicas tão tristes, tão cruéis, tão sujas. Vejo no tom dessas perguntas um certo tom de preocupação, e me sinto agradecido por isso. Entretanto, a fala, às vezes, não me permite colocar em ordem todas as ideias, sendo que por vezes acabo por preocupar ainda mais aqueles que tanto me amam. Não desejo isso jamais, mas sei que fazem isso pelo mais puro amor que têm por mim, talvez de uma forma que nunca antes havia conhecido.
Pois então que pergunto, não somos constituídos de matéria temporária, barro efêmero e de fácil dissolução com o passar do tempo? Estamos, pois, num eterno vir-a-ser, como diria o sábio grego, passamos de um a outro oposto em um tempo relativamente curto. Pensemos aplicando esse conceito: O que seria o significado das coisas? Seria algo concreto, fechado? Ou seria algo aberto? Não mudamos, com o passar desse mesmo tempo, o significado e o uso das palavras? O jogo deve se repetir até mesmo em palavras que se mostram antônimas.
Aprendemos, de formas diversas, por exemplo, que a morte não é o fim e nem é ruim, e que muitas vezes a vida pode ser tão ou mais agonizante e sufocante quanto as sepulturas. Passemos pra outros exemplos: vejamos os espíritos mais elevados, ou santos, ou mestres, chamem como quiserem o que aqui falo. Qual será a fórmula do seu conhecimento? Na minha opinião, seria a vida livre, sem medo do que vem à frente, sendo possível a existência da dor.
Já li vários livros, que falam da dor como principal mestra em situações extremas. E porque não? É ela que nos permite pensar, articular ideias que possam deslocar obstáculos para que, quando vencidos, possam possibilitar o deslocamento evolutivo do espírito, ser ou ego. Um outro falava que a dor se deslocava de forma vertical, em direção às alturas, enquanto a felicidades, pros lados. Então, segundo o autor, a dor elevaria o ser, enquanto a felicidade aproximaria os iguais.
Aqui ponho uma ressalva em minhas ideias, um erro na minha conduta, que é a de não transparecer a alegria que há em mim. E é nisso que devo focar: emitir maiores vibrações de felicidade pra aqueles que amo demais, porque eles merecem, pelo amor que a cada dia dão pra mim, e que tento retribuir do jeito que posso e, às vezes, falhando, o que me deixa muito triste.
Voltando pro assunto principal, não é quando o céu tá mais enegrecido, obscurecido com vultosos cumulus, cumulonimbus ou stratus, que o tempo parece querer reagir, melhorando para que, no dia seguinte, o céu esteja totalmente limpo? Não é quando algo tá tão imundo, que a primeira reação ao vê-lo é limpá-lo totalmente?
Então, o que é Belo e o que é Feio? A resposta, talvez, nunca nos venha. Possivelmente, esse conceito seja falso, ou talvez sejamos simples demais pra entender tantas coisas. O que é certo é que meu amor é minha vida. E aqueles que amo nunca deixarão de serem amados, mesmo após de brigas, pois a compreensão e a paciência devem ser ainda treinadas por mim, ser errante nesse lugar ainda tão perigoso pra ser integralmente feliz.

Então É Natal

O ano tá terminando, e com ele vem uma festa especial. As lojas, shoppings, ruas e mercados ficam lotados de pessoas que procuram ferozmente por presentes. O objetivo é comprar o máximo possível, torrar o dinheiro instintivamente, tudo em procura de presentes, pra tentar conter a sua tristeza reprimida. O ser humano de hoje tá disposto a fazer tudo pra satisfazer seus pueris desejos de felicidade instantânea. A selvageria de uma sociedade aparentemente tão pacata e ponderada vem à tona, revelando a baixeza da existência humana, e toda a raiva contida durante um ano de supressões sociais. Esse é o Natal de hoje, escondido entre tradições aparentemente inexplicáveis, brigas, discussões, psicodramas e muitos presentes supérfluos.
Essa é a situação pronta, fechada. Mas certamente há a causa disso, a ethos responsável por toda essa situação sinistra e, ao mesmo tempo, dissimulada que, ultimamente, repete-se em todo fim de ano. Precisamos voltar uns cinco mil anos para ver esse porquê.
Nessa época, no Hemisfério Norte, ocorre o solstício de inverno, que marca o fim da colheita e o início do que era um rigoroso inverno, em que, obviamente, não se podia plantar muito. Logo, as tribos, inocentemente, colhiam todos os humildes produtos de suas roças e reuniam a família, ou seja, a tribo inteira, para poderem festejar a produção e agradecer ao amparo dado pela natureza nas suas atividades e subsistência. Não havia uma tradição, uma sanção nem uma obrigação. Era somente pelo prazer de reunir a genos, o que conhecemos hoje como família.
Mas aí surgem os romanos. Brotados do pó existencial de uma terra deserta de gente, e rica em natureza, surgiu a civilização que quase se tornou a mais tirana já conhecida nesse planeta. Sua própria gênese foi causada por uma lenda. Tudo começou por uma cidadela, que foi crescendo, se ampliando, dominando. Quando se aperceberam, construíram, por cima de sangue de gente livre e inocente, um Império. E todo Império deve ter o seu tirano, o seu Deus máximo, a quem todos os seus súditos devem honrá-lo, com oferendas advindas de sua produção. Assim, copiando as festanças das antigas tribos, os deuses-sol de sociedades subjugadas e acrescentando uma pitada da mais suja orgia, gula, luxúria e sede de sangue. Aí surge uma festa deturpada por mentes malignas e sedentas por subjugar o maior número de pessoas possíveis.
Porém, a antiga Roma, eterna por toda a sua maldade, sofria com a disputa ideológica entre várias religiões. Nesse contexto, aparece a figura de fanáticos e hipócritas romanos, que se aproveitaram da doutrina de amor puro proposta por Jesus, um judeu e mártir em uma sociedade que ainda hoje é dominada pelo fundamentalismo. Sua doutrina, levada até o centro do Império por aproveitadores ideológicos, foi totalmente transformada, tornando um carpinteiro de bem em um Senhor onipotente, capaz de subjugar a todos com um piscar de olhos. A partir daí, inventam a evidência de que esse enviado de Deus nasceu perto do solstício.E, assim, começam a comemorar a festa, ás escondidas. Após isso, se aproveitam de uma fraqueza do tirano romano, já em seu leito de morte, e o batizam. Com isso, emerge uma nova soberania.
Até há pouco tempo, éramos dominados por eles, que foram responsáveis por criar heróis, bruxos, vilões, fantasmas, lendas. E então, construíram mais sociedades, que cada vez se aproveitavam do que foi deixado pra trás das mais antigas civilizações. A festa, antes tão natural, era moldada de acordo com as necessidades das partes dominantes da sociedade.
Dentre essas sociedades, surge o que vemos hoje. Surgida também por lendas, como a antiga Roma, esse grupo é, com certeza absoluta, o mais tirano já visto por essas vistas tão frágeis. Ao contrário de seus ancestrais, eles estabeleceram, além de manter um exército fortemente armado e recrutado, uma doutrina baseada no consumo selvagem e desenfreado, baseado numa base frágil, composta de contradições, feitas por pessoas que possuíam os instintos prevalecendo sobre a razão e, por vezes, substituindo-a.
E então, voltamos ao início. Incrivelmente, não fiz essa viagem histórica à toa. Todo esse meu texto, até então, serviu pra mostrar a realidade, base obscurecida dessa festa que de tão cândida, tornou-se cruel. Por muito tempo, e por muitas gerações, vivemos desgraçados e cegos por esses sofismas sociais, que nos aprisionam a meras e idiotas tradições, as quais são extraídas de sociedades que mal conhecemos, considerando-as nossas. Basta desse instinto de posse, de domínio. Que poder é esse, que nem consegue controlar o nosso próprio ser? Busquemos a liberdade, através dos nossos próprios atos.
Não sou contra a festa, mas sim contra os motivos que se a comemora. Então, não devemos deixar de festejar com nossos amigos e parentes, mas também lembremo-nos de dar o muito que temos aos que nada possuem. Não tratemo-los como enjeitados, pobres coitados, dando as migalhas de nossas fartas ceias. Precisamos dá-los, sim, partes de nossas ceias, convidando-os à festa...
Entretanto, esqueço-me de que tais palavras, tão bem escritas, tão floreadas, mal podem sair desse apinhado de pixels, visto que ainda somos um tanto cegos e fracos com tudo o que tá à nossa frente. Enquanto não chegarmos lá, conformemo-nos com as guerras comerciais, e com nós mesmos sendo joguetes da mídia e dos megastores. Feliz Natal a todos!!!!!!!

Correntes

É tão estranha a diferença de significados que pode haver em uma simples palavra no português. Com certeza, há algumas diferenças que acabam nem sendo notadas, mas que podem mudar todo o contexto da situação vivida. Um desses exemplos ocorrem com a palavra 'corrente'.
Aparentemente, ou seja, sempre que se vê, se toca ou se pesquisa uma corrente, vemos um monte de elos, que formam um equipamento, que parece não ter função. É esse o real significado da palavra, o qual foi construído pela nossa própria percepção física.
Entretanto, a função dada a esse instrumento, a essa aparente e simplória união aleatória de elos, até mesmo simples células abertas, torna-se tão diferente. transforma-se um instrumento de castração da liberdade individual, que impossibilita o Ser de certos movimentos. É um significado secundário, mas que, infelizmente, é o mais utilizado.
A partir dessa segunda concepção, a corrente pode deixar de ser mero instrumento concreto para metonimizar, numa relação de abstrativização, a dominação que nos é imposta. E, tenham certeza, essa exerce opulenta influência em nossos campos vitais.
Tudo começa com a posse. Esse sentimento que há séculos é objeto de discussão entre filósofos, economistas e sobretudo por pessoas comuns é o responsável por exercer a relação mestre e escravo. Exemplos disso se seguem desde a Idade Média até as grandes invenções informáticas. O que se verifica é um mascaramento da crueldade existente no sentimento de posse, quando se compara a escravidão e a servidão com a lógica computacional, que, em sua quase totalidade, continua a ser baseada na relação mestre-escravo.
Até mesmo na educação nós vemos isso. Pra que, então, jovens e crianças são muito estimuladas a estudarem exaustivamente, a tal modo, que chegam a esvair grande parte do seu tempo em atividade estéril? Quando esses crescerem, e forem altamente formados, poderão exercer cargos de chefia, dominando a todos os empregados, que antes puderam aproveitar melhor a vida.
Alguns dos jogos existentes hoje são baseados nessa relação de submissão, a qual pode chegar a pontos extremos. Poucos devem saber, mas uma moda britânica estabeleceu que, quando uma daquelas pulseirinhas coloridas, aparentemente inocentes, for estourada por outra pessoa, a que possuía a pulseira deve se submeter ao ato estabelecido pela cor da pulseira. A pulseira preta, por exemplo, se for estourada, determina que o submetido deve fazer sexo com aquele que estourou a pulseira.
Vamos pensar, só pra ter uma noção básica, no impacto que isso pode ter na juventude. Não causaria uma mudança do significado do Amor, que é a união que ocorre entre dois seres, para uma relação de dependência?

O Espelho da Realidade

Agora, que finalmente consegui um tempo pra respirar melhor, pude ver e ouvir mais coisas exóticas online. Digo que são exóticas não somente pela esquisitice, mas sim pelo novo, por conseguir trazer à tona idéias e memórias que poderiam muito bem ficar afogadas pra benefício de poucos. Ainda bem que, hoje em dia, nós temos a Internet, a qual pode nos levar pro outro lado do mundo em um segundo.
Falando em Internet, consegui perceber que sempre procuramos meios que diminuam a distância entre dois pontos do mundo. O fictício Phileas Fogg, do livro de Júlio Verne, não estava nem um pouco errado, ao afirmar no final do século XIX, em plena "Belle Époque" européia, que o mundo havia diminuído. Tudo bem, aí pode-se ter o envolvimento de meios de transporte, mas por que não dizer que a Internet, o orkut, o twitter, o blogger, o facebook são meras ferramentas cujos objetivos são exatamente os mesmos dos trens, navios e aviões?
O objetivo lógico que também poderíamos evidenciar, com o passar dos anos, seria um maior conhecimento de mundo do povo em geral. Ninguém mais ficaria preso às suas origens. Aí chega a questão tão debatida filosoficamente, seja por Nietzsche, seja por Pessoa, de qual seria o fim dos costumes, das culturas. Talvez houvesse uma integração entre essas. Ou uma aglutinação das 'inferiores' pelas 'superiores'.
Infelizmente, vemos o advento da segunda resposta. Não defendo ações nacionalistas, até porque as interações saudáveis são necessárias pra uma renovação constante de nossa ethos. Não venho destacar a invasão estrangeira tão fracamente criticada pelos nossos mais ferrenhos nacionalistas, que preferem viver presos à cultura de quarenta anos atrás em vez de admitir que nossa cultura se tornou uma sucursal do "American Way of Life".
Aceito sim que alguns valores e costumes estadunidenses são aproveitáveis, mas outros, os piores, são passados repetitivamente, em benefício dos impérios culturais dos EUA, alienando a todos com seus princípios fúteis, perversos e destruidores da vida integral. Aprendemos a desconsiderar nossos pensamentos, a comermos para simplesmente agradar e saturar nossos sentidos da mais pura gordura hidrogenada e corantes e agrotóxicos suspeitos. Tudo deve ser cuidadosamente limpo e decorado. Pegamos emprestados costumes mediterrâneos e orientais por simples supertição, ou até mesmo sofisma. Exemplos, esses são vários. Porém, todos são trazidos por um único meio.
A Internet, a mesma que reduz distâncias e acaba com alienações, é aproveitada pra fazer outros alienados por aí. Tudo pra esconder a realidade. Um diz que todos devem ser perfeitos, brilhantes, irradiando a felicidade inalcançada. Outro diz que é inaceitável falar de coisas ruins, e atá tapa os seus próprios ouvidos ao começarem a falar do trágico.
Pra que se esconder do real, através do mesmo espelho que mostra a realidade nua e crua, ou seja, a Internet? Realidades foram feitas pra serem vistas e então, apreciadas ou passíveis de modificação. Mas nada é verdade absoluta, lembrem-se. Tudo é feito de tentativa e erro.

O Momento em que o Tempo vai Parar

Parece complicado definir tempo, mas na verdade é mais fácil do que nunca. A tarefa torna-se mais difícil porque nós mesmos somos dominados pelas nossas próprias criaturas. Porém, partindo para o principal assunto até agora, tempo é somente um ritmo criado por nós para reger a fantasia em que a nossa vida se torna a cada dia. Deveria ser mais musical, mas muitas vezes tem um ritmo repetitivo, tipo aquelas músicas adoráveis que a gente ouve nas melhores rádios brasileiras.
Historicamente, o homem sempre quis definir um fim pra sua própria saga. Não que isso um dia deixasse de acontecer, é claro. Entretanto, o que mais surpreende são os modos estapafúrdios e tolos de se fazer isso. Algo que até Wagner, Shakespeare e outros dramaturgos ririam, ante à imensa pretensão em mostrar o homem como ser pueril.
No ano de 2009, esteve em voga os filmes que seguem todo modelo criticado acima. Alguns realmente podem mostrar possíveis causas e realidades capazes de nos destruir de uma vez por todas. O último, porém, atingiu todos os patamares do exagero e do erro existentes até então. Não ficaria legal, com certeza, citar nomes, atores, diretores, ou coisas do tipo, até porque muitos podem supor que filme é esse.
Previsões não devem ser deixadas de lado, certamente. Algum grau de certeza elas devem ter. Ninguém pode, simplesmente tirar uma verdade do bolso, como se tira uma moeda. Mas supor um acontecimento que nos é distante já é demais. Entendam, não digo que a reação física envolvendo neutrinos, partículas subatômicas, seja impossível, porém é algo que nunca se verificou. Realmente, ocorrem movimentos astronômicos suspeitos, como explosões solares várias vezes acima da normal, além de possíveis mudanças no campo gravitacional ou na revolução terrestre.
Porém, há parcela de culpa dos seres humanos. Seríamos, então, destruídos pelo simples devir da natureza. Aliás, o que viria a ser natureza? Um ser capaz de nos considerar brinquedinhos a ponto de nos destruir a hora que quiser? Hoje, cita-se muito fenômenos que, somente aqui, à nossa volta, já ocorrem com toda a força. Chuvas, tempestades, ciclones, enchentes, deslizamentos de morro acontecem, mas nunca foi a uma frequência dessas. Devemos, é claro, compreender que entre a humanidade e a atmosfera possuem uma relação de dependência extrema, que poucos imaginam haver. Logo, pode-se atribuir grande parte desses fenômenos à nossas próprias ações quotidianas.
Parece fácil pra algum diretor hollywoodiano citar uma leve mudança no magnetismo terrestre como causador da catástrofes das catástrofes, pois é mais vendível. As pessoas, provavelmente, preferem ver uma destruição parcial, em que alguns poucos herois sobrevivam e tenham um final feliz a assitir a um massacre humanitário, em que tudo o que construímos ao longo de cem mil anos de história e desrespeito ao próximo e ao meio de sobrevivência vai pros ares em meio segundo.
Entretanto, mentiras contadas como verdade nunca serão verdade, assim como verdades vistas como irreais jamais serão ilusões. Conscientizar é muito importante, mas basta que se lembre que esse processo só tem sua real eficiência quando se segue o caminho da verdade factual.

Locations of visitors to this page